Navio de guerra colidindo com Farol

A Ilusão do Poder: Como os Paradigmas Moldam as Relações de Conflito e Poder nas Organizações.

Fernando Neves, Ph.D.

Em uma noite escura e nebulosa, um grande navio se aproximava da costa. O capitão, no convés, vigiava atentamente a aproximação da terra. Ele viu uma luz fraca à frente e disse ao sinalizador que enviasse uma mensagem: Alterar curso 20 graus. Estamos em rota de colisão. Voltou a sua atenção para a noite escura e, alguns momentos depois, o sinalizador voltou a seu lado.

— O que eles disseram? perguntou o capitão. Eles disseram: “Recomendamos que você altere o curso 20 graus”. O capitão ficou furioso. Ele gritou: — Envie uma mensagem: Sou capitão. Altere o curso 20 graus.

— Já enviei, senhor, disse o sinalizador.

— O que eles disseram?

— Bem, senhor, eles disseram: “Sou marinheiro de segunda classe. É melhor você alterar o curso 20 graus”. O capitão estava agora fora de si. Ele cuspiu:

— Envie isto: Sou um navio de guerra da Marinha dos Estados Unidos. Altere o curso 20 graus. Voltou a olhar para a frente, esperando ver a luz desaparecer. Mas, em vez disso, ela ficou mais forte e mais próxima. Ele se virou para o sinalizador. — O que eles disseram?

— Eles disseram: “Somos um farol. Sua escolha”.

Esta ilustração é um trecho do livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazeshttps://amzn.to/3HRGmBT“, de Stephen Covey onde ele introduz o conceito de Paradigmas e como as pessoas são muitas vezes incapazes de enxergar o mundo da mesma forma.

Paradigmas

Paradigmas são como óculos que nos mostram a nossa versão do mundo. Nossos paradigmas são moldados de acordo com nossa educação, valores e história de vida. Assim, cada um vê o mundo de uma maneira única. O grande desafio da liderança é perceber que o seu paradigma não é o mesmo paradigma do seu liderado.

Uma vez que os paradigmas são as lentes pelas quais vemos o mundo, eles influenciam a forma como nos relacionamos com os outros. Em um contexto organizacional, podem afetar a dinâmica de poder e liderança entre as pessoas, gerando conflitos, cooperação ou transformação.

Por exemplo, um líder que tem um paradigma autoritário pode acreditar que ele sabe o que é melhor para a equipe e que os subordinados devem obedecer às suas ordens sem questionar. Esse tipo de liderança pode gerar resistência, desmotivação e baixo desempenho na equipe. Por outro lado, um líder que tem um paradigma participativo pode acreditar que a equipe deve ter voz e autonomia nas decisões e que o líder deve facilitar o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos subordinados. Esse tipo de liderança pode gerar engajamento, confiança e alto desempenho na equipe. No entanto, há subordinados que esperam uma liderança mais enérgica e podem ver um líder democrático como fraco. Ou seja, não há regras.

A Importância da Empatia

A beleza de sermos humanos é que podemos desenvolver a empatia e nos colocar no lugar do outro. Em inglês há uma expressão que significa calçar o sapato do outro. O primeiro passo para a criação de um ambiente saudável só é possível com o desenvolvimento de sensibilidade e de uma relação social dentro do ambiente de trabalho. No entanto, é preciso caminhar juntos para que possamos alterar o foco de nossas lentes e ajustar nossos paradigmas, caso contrário nosso navio irá chocar-se contra o farol.

Não se trata apenas de uma boa comunicação, mas de empatia. É possível que nossos valores sejam muito diferentes, o que pode dificultar as relações. Deixe-me exemplificar. Imagine que em uma equipe ou ambiente de trabalho há uma pessoa que possui valores muito diferentes dos demais. Pode ser uma posição política diferente, uma crença religiosa ou um posicionamento social fora do padrão dos demais. Isso pode gerar desrespeito, intolerância e discriminação entre eles, afetando o clima organizacional e a cooperação.

Resolvendo Conflitos

Para resolver, ou pelo menos contornar esse tipo de conflito, é importante que as pessoas respeitem a diversidade de opiniões, crenças, posições políticas, opções sexuais, etc. A prática da diversidade começa com a mudança de nossos próprios paradigmas. A empresa como um todo somente mudará sua forma de atuar se cada pessoa que a compõe mude sua forma de pensar, agir e aceitar o outro.

“Procure primeiro compreender, depois ser compreendido”.

Stephen Covey

Valores, caráter e princípios são conceitos fundamentais para o desenvolvimento pessoal e profissional. Eles orientam nossas escolhas, ações e comportamentos, refletindo quem somos e como nos relacionamos com os outros. No livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, o autor Stephen Covey defende que devemos alinhar nossos valores, caráter e princípios com os princípios universais de justiça, integridade, honestidade e confiança, que são a base para uma vida eficaz.

No capítulo 5 do livro, Covey apresenta o quinto hábito, que é “Procure primeiro compreender, depois ser compreendido”. Esse hábito envolve a habilidade de escutar empaticamente, ou seja, de se colocar no lugar do outro e entender sua perspectiva, sentimentos e necessidades, antes de expressar nossa opinião ou solução. Ao praticar esse hábito, demonstramos respeito, valorização e abertura para o outro, criando um clima de confiança e cooperação. Além disso, ampliamos nossa visão de mundo e enriquecemos nosso aprendizado.

Referências

Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”. Stephen Covey . Livro

“Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, Stephen Covey – Áudio Livro