Empregos do futuro

O Futuro dos Empregos: Uma Jornada Rumo ao Desconhecido

Era uma manhã comum em São Paulo, dessas com trânsito barulhento e o cheiro de café pairando no ar. Mariana, gerente de RH de uma multinacional, olhava pela janela do escritório no 15º andar enquanto tomava sua segunda xícara do dia. Entre uma ligação e outra, ela pensava no relatório que tinha acabado de receber: o Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial. O documento, cheio de gráficos e previsões, não era apenas mais um papel na pilha – era um mapa do que estava por vir. E, pela primeira vez em anos, ela sentiu um frio na barriga. “Como preparar minha equipe pra isso?”, pensava. “E eu, será que vou conseguir acompanhar?”

A história de Mariana pode ser a de muitos de nós no mundo corporativo brasileiro. O mercado de trabalho está mudando rápido – mais rápido do que nunca, dizem os especialistas. Novas tecnologias, como inteligência artificial e automação, estão redesenhando o que significa “trabalhar”. Mas não é só isso: questões econômicas, ambientais e até demográficas estão mexendo no tabuleiro. Neste post, vamos mergulhar fundo nessas transformações, trazendo dados do relatório de 2025 e reflexões práticas para quem, como Mariana, quer entender o futuro dos empregos e se preparar para ele. Vamos lá?


O Cenário Atual: Um Mundo em Transição

Antes de falar do futuro, vale dar um passo atrás e olhar onde estamos. Em 2025, o mercado de trabalho global vive uma espécie de calmaria tensa. Segundo o Future of Jobs Report, a taxa de desemprego mundial está em 4,9%, a menor desde 1991. Parece uma boa notícia, certo? Mas nem tudo é tão simples. Enquanto países de renda média veem o desemprego cair, as nações mais pobres registram alta – de 5,1% em 2022 para 5,3% em 2024. Aqui no Brasil, sabemos bem como essa desigualdade se mostra: tem lugar com oferta de vaga sobrando e outros onde as pessoas ainda têm dificuldade pra encontrar emprego.

Outro ponto que chama atenção é a participação feminina. Globalmente, o desemprego entre mulheres (5,2%) ainda é maior que entre homens (4,8%). Nos países de renda média-baixa, como o nosso, essa diferença é ainda mais gritante. E os jovens? Bom, a taxa de desemprego juvenil está em 13%, e o índice de “nem-nem” (aqueles que não estudam nem trabalham) varia muito: 10,1% em países ricos, mas 27,6% nas nações mais pobres. Esses números mostram que o desafio não é só criar empregos, mas garantir que eles cheguem a todos.

Agora, o que está mexendo com esse cenário? O relatório aponta cinco grandes forças: tecnologia, transição verde, fragmentação geoeconômica, incerteza econômica e mudanças demográficas. Vamos destrinchar cada uma delas e ver como elas impactam o mundo corporativo – e o que você, que está aí na correria do dia a dia, pode fazer pra surfar essa onda.


1. Tecnologia: O Motor da Mudança

Se tem uma coisa que não dá pra ignorar, é a tecnologia. Ela é o coração dessa transformação toda. O relatório diz que 60% dos empregadores acreditam que o acesso amplo à digitalização vai revolucionar seus negócios até 2030. E não é só papo de futurista: avanços em inteligência artificial (IA), robótica e automação estão na lista das tendências mais transformadoras, com 86% das empresas apostando em IA e 58% em robôs.

86% das empresas apostam em IA e 58% delas em robôs

No Brasil, a gente já vê isso acontecendo. Pense nas fintechs que tão pipocando por aí, como Nubank e PicPay, ou nas indústrias que estão trocando linhas de produção manuais por máquinas inteligentes. Isso cria empregos novos – tipo especialistas em big data e desenvolvedores de software –, mas também faz outros desaparecerem. Sabe aquele trabalho de digitador ou caixa de banco? Pois é, o relatório prevê que funções como essas (os chamados “clerical workers”) vão encolher bastante até 2030. Globalmente, a estimativa é que 92 milhões de empregos sejam substituídos por automação.

Por outro lado, a tecnologia também é uma mina de ouro. O relatório lista profissões como engenheiros de fintech, especialistas em IA e até técnicos em veículos autônomos como as que mais vão crescer em termos percentuais. Aqui no Brasil, onde o setor de TI já emprega mais de dois milhões de pessoas (segundo a Brasscom), o que gera muita oportunidade. Mas tem um porém: pra aproveitar, as empresas precisam de profissionais qualificados. E é aí que entra o próximo tópico.


2. Habilidades em Foco: O Que Vai Fazer Diferença?

Com tanta mudança, o que você acha que as empresas vão querer dos seus times? O relatório é claro: as habilidades do futuro são uma mistura de tecnologia e “soft skills”. Em 2025, o pensamento analítico continua sendo o rei – 70% dos empregadores dizem que é essencial. Mas logo atrás vêm resiliência, flexibilidade e agilidade, além de liderança e influência social. Isso faz sentido, certo? Em um mundo que muda a todo instante, quem sabe se adaptar e liderar leva vantagem.

As habilidades técnicas que mais crescem? IA e big data, redes e cibersegurança, e alfabetização tecnológica. Ou seja, se você quer se dar bem, aprender a analisar dados ou entender como proteger sistemas digitais é um caminho promissor. Mas não para por aí: criatividade, curiosidade e vontade de aprender ao longo da vida também estão em alta. Por outro lado, habilidades manuais, como destreza e resistência física, estão perdendo espaço – 24% das empresas dizem que elas vão importar menos.

No Brasil, isso é um alerta. O país tem um grande gap de qualificação. Segundo o relatório, 59% da força de trabalho global vai precisar de algum tipo de treinamento até 2030. Aqui, isso pode ser ainda mais urgente, porque nosso sistema educacional nem sempre acompanha o ritmo do mercado. Empresas que estão pensando no futuro, vão ter que investir pesado em upskilling (atualizar habilidades) e reskilling (treinar pra novas funções). O bom é que 85% dos empregadores entrevistados já planejam isso. E você, já está pensando no próximo curso para o seu time?


3. Transição Verde: Empregos com Propósito

Outra onda forte é a transição verde. Mitigar as mudanças climáticas é a terceira tendência mais transformadora, com 47% das empresas dizendo que isso vai mudar seus negócios até 2030. No Brasil, que tem um potencial enorme em energias renováveis, isso abre portas incríveis. Profissões como engenheiros de energia renovável e especialistas em veículos elétricos estão entre as 15 que mais crescem no mundo.

O relatório também destaca que a “gestão ambiental” entrou pela primeira vez no top 10 das habilidades em alta. Isso mostra que as empresas não querem só lucrar – elas tão de olho na sustentabilidade. Aqui, já vemos exemplos como a Suzano e Klabin, que trabalham com papel e celulose de forma sustentável, ou a Natura, que alinha negócios com o meio ambiente. Pra você, que tá no mundo corporativo, fica a dica: projetos “verdes” podem ser um diferencial pra atrair talentos e clientes.


4. Economia e Geopolítica: O Jogo das Incertezas

A economia também está mexendo com os empregos. O custo de vida alto é a segunda maior preocupação dos empregadores (50% acham que vai impactar os negócios), mesmo com a inflação global caindo pra 3,5% em 2025. No Brasil, onde o preço do feijão e da gasolina ainda pesa no bolso, isso reflete na pressão por salários maiores – 52% das empresas planejam aumentar a fatia da receita destinada a salários até 2030.

Já a fragmentação geoeconômica (basicamente, o mundo se dividindo em blocos comerciais) afeta 34% das empresas. Restrições ao comércio e tensões entre potências como EUA e China podem fazer companhias brasileiras repensarem cadeias de suprimento. Algumas vão trazer operações de volta (reshoring), outras vão terceirizar mais (offshoring). Isso cria demanda por funções de segurança e cibersegurança – mais um sinal de que tecnologia é o nome do jogo.


5. Demografia: O Fator Humano

Por fim, as mudanças demográficas. No Brasil, a população em idade de trabalhar ainda vai crescer por alguns anos, diferente de países ricos onde ela está encolhendo. Isso traz oportunidades, como mais professores e profissionais de saúde (ambos na lista de empregos em alta), mas também desafios. Com mais pessoas querendo emprego, as empresas precisam criar mais vagas.

O relatório prevê que habilidades como gestão de talentos e mentoria irão crescer, porque formar gente nova será essencial. Se sua empresa ainda não possui um programa de estágio ou trainee estruturado, pode ser a hora de pensar nisso.


22% dos empregos atuais vão passar por alguma transformação. Isso significa 170 milhões de novas vagas (14% do total de hoje) e 92 milhões de perdas (8%).

O Saldo Final: Criação e Perda de Empregos

E aí, qual o saldo disso tudo? Segundo o relatório, até 2030, 22% dos empregos atuais vão passar por alguma transformação. Isso significa 170 milhões de novas vagas (14% do total de hoje) e 92 milhões de perdas (8%), resultando em um crescimento líquido de 78 milhões de empregos. No Brasil, funções operacionais como entregadores e trabalhadores da construção devem crescer em quantidade de postos, enquanto o setor de tecnologia cresce ainda mais rápido em pontos percentuais.

Mas tem um detalhe: pra aproveitar esse crescimento, as empresas precisam fechar o gap de habilidades. O relatório diz que 63% dos empregadores veem isso como o maior obstáculo pra transformação. Ou seja, não adianta só criar vaga – tem que ter gente pronta pra ocupá-la.


Seja inteligência artificial, automação ou cibersegurança, essas áreas estão demandando profissionais qualificados.

O Que Fazer Agora? Dicas Práticas

Então, como se preparar pra esse futuro? Aqui vão algumas ideias, com base no relatório:

  1. Invista em Treinamento: 85% das empresas globais estão priorizando upskilling. Que tal montar um plano de cursos pra sua equipe? Pode ser algo simples, como workshops de IA, ou mais robusto, como parcerias com plataformas tipo Coursera (que, aliás, colabora com o relatório).
  2. Foco no Bem-Estar: 64% dos empregadores dizem que apoiar a saúde e o bem-estar dos funcionários é chave pra atrair talentos. Aqui no Brasil, onde o burnout já está virando epidemia, oferecer flexibilidade ou programas de apoio psicológico pode fazer diferença.
  3. Diversidade na Mira: 83% das empresas têm iniciativas de diversidade e inclusão, contra 67% em 2023. Abrir portas pra grupos diversos não é só bonito no papel – é estratégico pra encontrar os melhores profissionais.
  4. Olho na Sustentabilidade: Projetos verdes vão além de uma mera tendência passageira. Eles atraem clientes e talentos, além de preparar sua empresa para as regulações que estão por vir.
  5. Aposte em Tecnologia: Seja inteligência artificial, automação ou cibersegurança, essas áreas estão demandando profissionais qualificados. Mesmo que sua empresa não atue diretamente no setor de tecnologia, contar com uma equipe que domine os conceitos básicos já representa uma vantagem competitiva.

O Futuro é Agora

Voltando à Mariana, nossa gerente de RH fictícia, ela terminou o café e decidiu agir. Marcou uma reunião com o time pra discutir o relatório, planejar treinamentos e repensar processos. Ela sabe que o futuro não espera – e, no fundo, tá animada com as possibilidades.

O Future of Jobs Report 2025 não é só um aviso; é um convite. As mudanças tão vindo, com tecnologia liderando o caminho, mas trazendo junto oportunidades pra quem souber se adaptar. No mundo corporativo brasileiro, isso significa equilibrar o formal com o jeitinho, o planejamento com a criatividade. Então, vamos arregaçar as mangas? O futuro dos empregos já está batendo na porta – é melhor agir rápido para não ser levado pela correnteza.

Referências

Future of Jobs Report- 2025 – World Economic Forum

Relatório Setorial 2023 Macrossetor de TIC

A Breve História do Fórum Econômico Mundial com Klaus Schwab, Agenda 2030, A Grande Restauração, Críticas e Controvérsias

IA generativa para dummies 

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