Vale a pena investir em energia solar?

Fernando Neves, Ph.D.

Já não se discute se teremos um colapso em função do aquecimento global, mas quando isso irá acontecer. Soma-se a isso a situação do Brasil que vive uma escassez hídrica sem precedentes como consequência não apenas das mudanças climáticas, mas também da falta de uma política que busque resolver o problema energético do país de forma definitiva.

Lembro-me do apagão de energia elétrica ainda durante o governo de FHC e do amargo remédio do racionamento de energia com metas de consumo mínimo para empresas e pessoas físicas. A cada ano, tenho visto a conta de luz trazer a famosa bandeira vermelha no período da seca e sinto o impacto na conta no final do mês. A diferença hoje é que gero parte da minha energia elétrica com placas fotovoltaicas instaladas sobre o telhado de minha casa. É fantástico! Embora não gere ainda 100% da energia que consumo, pude ver a redução nos kwh de minha conta e mesmo com apenas a metade do meu consumo de potência instalada, tenho redução de aproximadamente 50% em média no meu custo anual.

Houve um tempo que investir em células fotovoltaicas era caro, mas como toda tecnologia nova, há uma curva decrescente de preços à medida que a economia de escala torna possível mais usuários a um menor preço per capta. Além disso, há linhas de crédito incentivadas, e portanto com juros reduzidos, que facilita bastante a aquisição. É uma alternativa interessante, já que o financiamento se paga com a economia no consumo.

Além disso, é possível injetar o excedente de geração não consumido durante o dia e usá-lo como crédito no consumo noturno ou outros momentos de maior consumo. A legislação brasileira avançou bastante neste sentido, permitindo inclusive o compartilhamento de energia elétrica entre unidades diferentes, desde que registrados sob o mesmo CPF ou CNPJ.

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Como funciona?

Mas como funciona este sistema? E qual é a mágica, ou melhor, a engenharia que permite transformar luz solar em energia elétrica? A primeira vez que se conseguiu mover elétrons em um material usando a luz solar foi em 1839. Foi Alexandre-Edmond Becquerel quem observou o efeito fotovoltaico pela primeira vez, mas foi apenas em 1954 que a Bell Labs criou o primeiro painel solar comercialmente viável. A baixa eficiência e o alto custo sempre foram impedimentos para sua larga utilização, mas esse jogo tem mudado nos últimos dez anos. Com eficiência cada vez maiores e preços menores, os painéis solares já são largamente usados. Além disso, a legislação atual, permite injetar na rede elétrica a energia gerada que estive excedendo o consumo naquele momento, gerando créditos para serem abatidos na conta de luz.

As placas solares são feitas de silício ou outro material semi-condutor. O segredo de seu funcionamento está na injeção de outros materias como o fósforo (P) e o boro(B) que criam condições para a circulação de eletrons entre eles. Se você conhece um pouco de semicondutores, jám deve ter ouvido falar de junções P-N entre eles. Fique tranquilo, não vamos entrar em detalhes, mas é essa junção de dois tipos diferentes que promove a direção de fluxo dos elétrons quando são atingidos pelos fótons la luz solar. Pra quem gosta de saber como funcionam as coisas, deixo um vídeo do TED-Ed explicando. Acione a legenda e clique na engrenagem para escolher o idioma da legenda em português.

A energia gerada nas células solares é do tipo corrente contínua, já a que chega em nossas casas é do tipo alternada. É preciso então converter a corrente contínua para corrente alternada, o que é feito usando um inversor ou microinversor. Este equipamento tem as função de gerar pulsos elétricos de 50 ou 60 Hz. No caso do Brasil, nossa rede elétrica é de 60 Hz.

A quantidade de placas solares a ser instalada, depende do consumo da residência ou indústria e deve ser calculada por um técnico ou engenheiro. As empresas que comercializam este sistema providenciam tudo. A instalação é simples e rápida e para sistemas residenciais em geral é feita no mesmo dia. Um ponto importante é a localização do inversor, já que ele precisa ser conectado à rede. O medidor de consumo também é trocado para um do tipo digital. Além disso, o inversor pode ser conectado à internet usando a rede wifi o que possibilita o controle do quanto de energia está sendo gerado ao longo do dia ou até fazer comparativo em diferentes meses do ano.

O vídeo a seguir mostra o sistema de inversor que recebe a corrente contínua das placas, faza conversão para corrente alternada, conecta o sistema na rede elétrica e faz o monitoriamento do sistema.

A vida útil dos equipamentos é bastante longa, da ordem de 25 a 30 anos. Considrerando os custos atuais de energia elétrica no Brasil, o retorno do investimento se dá em menos de cinco anos. Um cálculo mais preciso pode ser feito pelas empresas que comercializam o sistema. Além disso, há diversas linhas de crédito para este tipo de investimento. Santander, Siccob e Sicred são alguns exemplos de bancos com linhas de crédito para sistemas de geração de energia solar.