Texto: Márcio Camargo, M.Sc. Imagem: Tumisu (Pixabay)
Um dos grandes problemas nas empresas, é sem dúvida, a questão da comunicação. E quando falo de comunicação estou me referindo à sua dinâmica em todos os níveis nas organizações, seja entre entre diretoria e liderança, liderança e colaboradores ou ainda entre liderança e seus pares. Muito se fala em comunicação e eu mesmo já tive algumas oportunidades de discutir esse assunto com líderes em várias empresas, apresentando modelos e metodologias, discutindo o processo comunicacional, a importância da atenção às diferenças individuais ou ainda a questão das gerações. Mas hoje quero refletir sobre um modelo que, entendo, tem o poder de ajudar líderes em seus processos comunicacionais. Estou falando do Triplo Filtro de Sócrates que apesar de simples, pode ser muito poderoso na transformação das relações profissionais e pessoais.
O triplo filtro de Sócrates apresenta, de forma objetiva, três questões que todos deveríamos ter em mente quando nos comunicamos: a verdade, a bondade e a utilidade. E quando pensamos nos desafios dos líderes na gestão de suas equipes e a comunicação, quero lembrar de uma ferramenta de suma importância na melhoria das relações entre líderes e subordinados, o sempre polêmico feedback.
E será que podemos utilizar o triplo filtro de Sócrates nas reuniões de feedback com nossos colaboradores?
Eu acredito que sim e entendo que o modelo pode ajudar no fortalecimento da confiança entre líderes e subordinados, e por isso quero apresentá-lo de forma direta para que você conheça, relembre e quem sabe, experimente-o em suas sessões de feedback.
Para Sócrates, o primeiro filtro é o filtro da verdade. Está absolutamente seguro de que o que vais me dizer é verdade? Não podemos fazer feedback com nossos colaboradores alicerçado naquilo que nos contaram, nas falas ou visões de outras pessoas. Um bom feedback tem que ser embasado em fatos, nas situações observadas, nas ações que constatamos. Falar para seu subordinado que ele age de uma certa forma porque alguém lhe disse ou que ele foi inconsequente em uma situação a partir da reclamação de outras pessoas, é leviandade e ingenuidade. Feedback tem que ser oferecido sempre baseado na verdade, isso é Respeito.
O segundo filtro é o filtro da bondade. O que vais me dizer é uma coisa boa? E estou dizendo que utilizar a bondade não significa deixar de oferecer um feedback mais duro ou mais diretivo. Podemos ajudar pessoas e orientá-las com firmeza, mas sendo benignos, de bom caráter, humanos e bondosos, ou seja, utilizando a empatia. Quando estamos educando nossos filhos ou oferecendo um feedback sobre algo que não está legal, em alguns momentos podemos até ser duros, mas temos sempre em nossa mente e coração, a bondade e objetivos nobres. E uma das questões vinculadas a bondade é ser aberto para ouvir seu colaborador na sessão de feedback e pedir que ele também apresente as impressões sobre a sua atuação e como podem, juntos, melhorarem a relação de confiança.
O terceiro filtro é o filtro da utilidade. Vai servir para alguma coisa aquilo que vais dizer? Quando você for dar um feedback para um colaborador pense se esse feedback será útil ou insignificante. Estruture sua fala, organize suas ideias, exemplifique suas observações, elabore em conjunto um plano de ação e de acompanhamento. Se você oferecer um feedback verdadeiro, com bondade e sinceridade, pensando em ajudar o colaborador, sem dúvida alguma esse processo será útil no desenvolvimento do liderado.
O feedback pode e deve ser uma ferramenta de reforço de ações positivas ou ainda de melhoria de comportamentos e atitudes. Ele deve servir para apoiar o desenvolvimento das pessoas da sua equipe e não tenho dúvidas que é um dos melhores instrumentos para isso, principalmente se o feedback for sincero, honesto, verdadeiro, bondoso e útil.
Na próxima reunião de feedback com seus colaboradores, lembre-se de utilizar o filtro de Sócrates e veja a diferença. Quando ajudamos pessoas a crescerem, crescemos juntos.