Fernando Neves, Ph.D.
Em tempos de pandemia, acabamos confinados dentro de casa e tivemos que nos adequar à nova rotina. Não há exceção. Países desenvolvidos e subdesenvolvidos, ricos ou pobres, todos ficamos à mercê do vírus. Mas como nos preparar para o mundo pós-pandemia? Como continuar a crescer profissionalmente dentro de nossas casas? Até então as empresas organizavam treinamentos e nos enviavam a congressos para conhecer novas tecnologias, mas de repente todos os eventos, cursos e viagens foram cancelados.
O mundo mudou
A transformação digital que estamos vivendo não tem precedentes. Não fosse esta situação, talvez levasse ainda pelos menos cinco anos para que as empresas tomassem a decisão de enviar seus funcionários para casa e confiassem que eles continuariam a produzir. A questão é simples: o mundo mudou. As relações de trabalho mudaram, as relações comerciais mudaram e é preciso que o profissional não mais do futuro, mas do presente adapte-se ao que é chamado novo normal.
Há quem acredite que o novo normal refere-se às relações sociais em que é preciso manter distância, mas à medida que a população seja amplamente vacinada e que o risco de contaminação seja talvez não eliminado, mas diminuído, as pessoas voltarão a se encontrar. As rodas sociais renascerão e as praias voltarão a receber seus banhistas. No mundo corporativo, porém, essa volta não será da mesma forma.
Home Office forçado
O teste do home office forçado mostrou-se efetivo e muito provavelmente não será adotado em cem por cento das relações de trabalho, mas certamente veio para ficar. É conveniente para o trabalhador que tem maior flexibilidade e para o empregador que pode baixar seus custos. No entanto, o mundo pós pandemia só tem lugar para quem se preparar para a nova realidade.
O mundo pós-pandemia só tem lugar para quem se preparar para a nova realidade.
Se por um lado há flexibilidade, por outro há desafios. Estamos aprendendo a manter o relacionamento com o cliente sem gastar tempo e dinheiro para ir até ele, aprendemos a fazer gestão de nossa equipe a distância e finalmente conseguindo tempo para reunir todo o time para uma reunião efetiva ainda que pelo zoom, Google Meet ou seja lá qual for o software que a empresa use. Por outro lado, tempo de mudanças é tempo de oportunidades e já dizia Charles Darwin que sobrevive não o mais forte, mas o que melhor se adapta.
Sobrevive não o mais forte, mas o que melhor se adapta
O Ensino a distância
De que forma, então posso me preparar para a realidade pós pandemia se os cursos estão cancelados, as universidades fechadas e as viagens de negócios congeladas? É exatamente este o momento de sair na frente e aproveitar o tempo. A resposta a esta questão você já conhece: o tão debatido ensino a distância. Pois é, ele não é novo.
Entre as décadas de 1940 e 1980 o Instituto Universal Brasileiro tornou-se a maior empresa de venda de cursos a distância com envios periódicos de material e recebimento de questionários preenchidos pelos alunos. Tudo era feito por intermédio de envio pelos Correios. Eram cursos de especialização principalmente para carreiras técnicas como eletrônica, mecânica e fotografia.
Hoje com um computador e uma conexão é possível acessar cursos das melhores universidades do mundo. Alguns de forma gratuita, mas se você quer ter um diferencial vai ter que desembolsar algum. É claro que a diferença entre muitos cursos gratuitos e pagos é apenas o certificado, mas no momento de uma entrevista de emprego, ter um certificado de uma universidade de primeira linha e ainda no exterior, mesmo que concluído à distância, vai colocar você um passo adiante de seu concorrente, não é mesmo? Então responda você mesmo: vale a pena fazer um curso à distância?
Uma questão de paradigma
A resposta a esta pergunta é bastante pessoal. Há quem prefira deslocar-se até a escola, e muitos dirão que o networking é o que mais importa. No entanto, a situação em que nos encontramos está provando que networking e conteúdo não têm nada a ver com aula presencial. Na verdade, até o presencial precisa ser revisto, porque à medida que estou online, conectado com a câmera ligada e falando diretamente com o instrutor, não há grande diferença no aproveitamento do curso. Tudo é uma questão de paradigma.
A grande questão não é se vale a pena ou não, porque isso é o que temos para hoje. A grande questão a responder não é se, mas qual. Que cursos ou universidades apresentam programas que me trazem benefício? A plataforma Coursera, por exemplo, pode te conectar com grandes universidades em todo o mundo como por exemplo Stanford, Imperial College London, Duke University, Universidade da Pensilvânia ou até gigantes como o Google e IBM que têm investido na formação de profissionais para a nova realidade que está apenas no início.
Se sua formação é técnica, como por exemplo, Tecnologia da Informação, você provavelmente gostaria de fazer um curso não em uma faculdade, mas em uma empresa como o Google, correto? Você pode. Um exemplo disso é o curso de tecnologia da informação com Python e ainda pode obter um certificado profissional. É claro que os melhores cursos são em inglês. A boa notícia é que muitos são legendados em diversos idiomas, mas cá entre nós, inglês é essencial, não é mesmo? Por que então não começar por aí? Dê uma olhada, por exemplo, no programa de cursos integrados para aprimorar sua capacidade de comunicação em inglês oferecido pela Georgia Tech. Este curso possui legendas em português e nada melhor do que aprender inglês com o instrutor falando em inglês.
Universidades no Brasil
Se quiser cursos no Brasil e em português, dê uma olhada no link da USP ou da UNICAMP que também são parceiras do Coursera. Na página da USP você encontrará opções interessantes de cursos em diversas áreas como por exemplo: Introdução aos princípios e práticas da gestão de projetos, Introdução à ciência da computação com Python, Inovação na gestão de equipes e negócios, Marketing e vendas B2B, Marketing Digital e muitos outros. Na UNICAMP poderá encontrar cursos para desenvolvimento de aplicativos para web, tablets e celulares com enfoque em iOS, Android ou multiplataformas, conceitos básicos de Supply Chain, empreendedorismo e muitos outros.
Também no Brasil, a Catho Educação possui diversos cursos a distância como, por exemplo, Administração Estratégica que além das entregas feita via plataforma, conta também com provas presenciais.
Outras
Outra alternativa para cursos em inglês é plataforma Future Learn que possui parceiros de peso como British Council, King’s College London, Institute FRANCAIS de la Mode, Institute of Coding, Monash University na Austrália , University of Michigan e a empresa Accenture.
A Microsoft também possui sua própria plataforma, a Microsoft University com foco em treinamentos de seus produtos e serviços e com especial destaque para AcademIA que possui cursos grátis de introdução à inteligência artificial com cursos também em português com por exemplo, Fundamentos do Azure, Aprendizado de máquina (Deep Learning) e criação de bots.
Enfim, há uma grande variedade de cursos para todas as áreas. Vale a pena fazer uma boa busca para aproveitar as oportunidades gratuitas e uma vez que se identificar com uma das plataformas, basta decidir se vale ou não a pena investir um pouco mais e turbinar seus conhecimentos e currículo sem sair de casa.
English for the workspace– British Council