O termo resiliência tomou conta dos ambientes corporativos de uma forma bastante rápida, talvez por que esta propriedade dos materiais seja a melhor metáfora para analisar comportamento de líderes e liderados no mundo pós- moderno.
O que é?
Mas o que é resiliência? este termo hoje utilizado para descrever um comportamento foi emprestado da engenharia dos materiais. Um material é resiliente quando após sofrer stress retorna novamente para sua condição original. Assim, o elástico é um material muito resiliente porque após elongado retorna ao seu tamanho original, já a maioria dos metais e plásticos aguentam mais força a eles aplicada mas elongam-se muito pouco e quando se aplica muita força rompem-se. São então classificados como materiais de pouca resiliência.
Aplicando este conceito à pessoas, podemos dizer que algumas são bastante rápidas em se adaptar às situações, controlam suas emoções e assimilam a nova realidade. Outras são rígidas como o metal e o plástico e não estão dispostas a ceder e por conta deste comportamento sofrem as consequências do stress. Embora alguns suportem mais stress que outros, há sempre um limite quando o comportamento é manter o apego ao paradigma antigo. Seguindo a lógica de Darwin, não são os mais fortes que sobrevivem, mas os que melhor se adaptam.
Dá pra aprender a ser resiliente?
Se resiliência é a capacidade de superar adversidades a grande pergunta é: como ser mais resiliente? É possível aprender a ser resiliente ou este é um comportamento nato? Se não pudermos responder a esta pergunta então resiliência é uma capacidade que tenho ou não. Psicólogos e pesquisadores tendem a acreditar que esta é uma capacidade que pode ser aprendida e lapidada. Andrew Shatté, Ph.D., professor e pesquisador na College of Medicine na Universidade do Arizona trabalhou em uma pesquisa juntamente com pesquisadores da Universidade da Pennsylvania e identificaram sete fatores chaves para a resiliência.
- Controle da emoção
- Controle do impulso
- Análise de causa e efeito
- Enfrentar a realidade com otimismo
- Disciplina
- Empatia
- Influenciar outros
As pessoas podem ter algumas destas habilidades, mas não necessariamente todas. Resiliência é resultado de várias habilidades e pode ser considerada o resultado de várias inteligências emocionais.
Emoções e comportamentos impulsivos
Nós continuamente escaneamos nosso ambiente em busca de ameaças e desenvolvemos respostas habituais para nos protegermos. Muitas vezes, no entanto, essas reações podem atrapalhar o controle de nossas emoções e impulsos. Quando algo dá errado, também temos hábitos para interpretar sua causa e solução de problemas, para que possamos seguir em frente e isso contribui para formar nossas crenças de forma muitas vezes inconscientes. Essas crenças geralmente aparecem para nossas mentes conscientes como “regras” sobre como acreditamos que as coisas deveriam ser, e como nós ou os outros devemos nos comportar.
Esse tipo de pensamento pode prejudicar nossas rotinas diárias e deixar-nos presos a hábitos frustrados e acabar por induzir o estresse. Uma maneira de melhorar a resiliência é entender melhor nosso próprio estilo de pensamento e procurarmos desenvolver novos hábitos para contornar as situações mais difíceis não apenas nos críticos, mas todos os dias.
A resiliência pode ser aprendida à medida que vivenciamos diferentes situações, no entanto este desenvolvimento está intrinsecamente relacionado às nossas crenças e valores. O controle da emoção e dos impulsos requer uma postura firme com nós mesmos e nem todos estão dispostos a pagar este preço. Ao ter a clareza de analisar as causas e os efeitos de uma dada situação nos mostrará a realidade como ela é, mas enfrentá-la com otimismo requer decisão e autodisciplina. Uma vez resolvida a situação na nossa mente é o momento de envolver outros, envolver-se, interessar pelas pessoas ao redor a ponto de influenciá-las pelo exemplo.
Ser e permanecer líder
A resiliência é uma das características que fazem o líder permanecer líder. É preciso primeiro acreditar, mudar o mindset, fazer o exercício de introspecção para depois influenciar outros.
Jon Garcia, fundador e presidente da McKinsey estabelece três pontos importantes ao tratar de resiliência para a liderança em um ambiente de mudanças.
Manter-se objetivo
O primeiro ponto é manter-se objetivo e ter plena consciência de sua capacidade e saúde pessoal. É importante continuar trabalhando, deixar-se levar pela sobrecarga vai apenas levá-lo na direção de um burnout. Ao manter o foco, tendo objetivos claros para seguir facilita muito o momento de transição.]
“Para ganhar confiança não basta dinheiro e poder, você precisa mostrar interesse pelas pessoas. Não se compra confiança no supermercado” (Dalai Lama)
Revisar a agenda
O segundo ponto está diretamente relacionado com o primeiro e trata-se de uma revisão da agenda de compromissos. Todas as atividades realmente agregam valor? O que é o que não é prioridade? Eu faço a minha agenda ou sou levado pelo tsunami de eventos que outros me impõem. É preciso saber quando e para que dizer não.
Delegar
O terceiro ponto diz respeito à delegação. Para Jon, se você não está delegando está cometendo um erro. o ato de delegar não é apenas para liberar sua agenda, é também uma forma de capacitar as pessoas a tomarem decisões além de servir como uma ferramenta para estreitar a confiança mútua. Quem delega não se exime da responsabilidade, mas a compartilha assumindo como suas as decisões de seu subordinado. Para delegar é preciso estabelecer relação de confiança mútua.