Márcio Camargo
Diretor GPTW-Interior/Coordenador de cursos – Vanzolini Professor FGV / Analista DISC e facilitador Lego®Serious Play®
A resolução de problemas complexos é uma das 10 soft skills, apresentadas pelo Fórum Econômico Mundial, no relatório “O Trabalho do Futuro” apresentado no meu artigo intitulado: a 4ª Revolução Industrial e as Novas Competências Profissionais.
O objetivo do relatório é o de mostrar como, hoje em dia, as habilidades exigidas são outras. O atual cenário do mercado de trabalho, devido ao uso massivo da internet e das novas tecnologias, precisa de profissionais que consigam atuar de forma mais dinâmica e participativa.
Mas, o que significa resolução de problemas complexos e por que é importante? A ideia desse artigo é promover uma reflexão sobre o tema e instigar aos leitores a aprofundarem nesse assunto tão importante para os novos tempos. Para tanto, confira os tópicos a seguir.
- O que são os problemas complexos
- Por que esta habilidade é importante
- Como desenvolver esta competência
O que são os problemas complexos
Podemos entender problemas complexos como aqueles que possuem várias situações combinadas com condições inadequadas para uma solução, ou seja, ele necessita de várias soluções combinadas que interajam entre si.
Para entender o que são problemas complexos no contexto do mercado de trabalho, é possível citar um trecho da palestra de Daniel Pink, na plataforma TED. Ele é autor de livros sobre trabalho, gestão e ciência comportamental. No vídeo A Surpreendente Ciência da Motivação, Pink apresenta o que é conhecido como o “problema da vela”, que exemplifica a resolução de um problema complexo. Trata-se de um experimento em que um grupo é colocado em uma sala para resolver uma situação.
As pessoas receberam uma vela, fósforos e tachinhas em uma caixa e pediram que prendessem a vela na parede de modo que a sua cera não caísse em cima da mesa. Instintivamente, algumas começaram a tentar prender a vela com as tachinhas na parede. Outras acenderam a vela e com a própria cera tentaram fazer o mesmo. Porém, tudo foi em vão, até que tiveram a ideia de prender a caixa das tachinhas na parede e colocar a vela em cima, como um suporte.
Esse experimento nos mostra que cada vez mais os problemas a serem resolvidos, com o da vela, demandam que quebremos o paradigma da funcionalidade fixa e tenhamos a mente aberta para entender que as coisas podem ter outra função além daquela que comumente imaginamos. Atualmente, os profissionais não podem mais estar presos às soluções óbvias, pouco eficientes e ultrapassadas.
O cenário atual pede profissionais que pensem “fora da caixa”, que se arrisquem com ideias inovadoras e que realmente tragam soluções para os impasses diários. As organizações buscam profissionais que atuem obstinadamente na identificação das múltiplas possibilidades de resolução dos problemas encontrados e para isso, é necessário que esses profissionais tenham visão periférica e sistêmica. A visão periférica tem a ver com a capacidade de perceber o que está fora e além do nosso foco principal e a visão sistêmica possibilita que o profissional entenda, tanto quanto possível, quais elementos combinados podem levar às soluções e os reflexos de cada uma.
Por que essa habilidade é importante?
Fala-se muitos de empregos que, dentro de alguns anos, não vão mais existir. Já é possível encontrar muitas empresas que substituíram alguns de seus funcionários por máquinas e robôs, sem necessariamente demiti-los, direcionando-os a outras funções e atividades.
Embora seja uma parcela ainda pequena dos trabalhadores que passam por essa situação, a previsão é que, em pouco tempo, essa mudança se torne mais comum. Portanto, os profissionais devem estar preparados para deixarem as tarefas manuais e repetitivas, substituindo-as por tarefas de maior complexidade.
A necessidade de profissionais com habilidade para resolução de problemas complexos é uma tendência. Assim, devem buscar formas de se adaptar às novas exigências do mercado, o que é feito com estudo e a busca desses novos conhecimentos.
Como desenvolver essa competência
Uma das respostas à esse dilema encontra-se na busca contínua do aprendizado, ou seja, os profissionais que querem se firmar no mercado e desenvolver essa, que é uma das competências mais requeridas pelas organizações, precisam entender a necessidade de aprender por toda a vida, ou seja, estudar sempre e, preferencialmente, buscando assuntos relacionados às várias áreas do saber, ampliando assim seu repertório e sua visão sistêmica.
Nesse contexto os líderes das organizações também se deparam com um grande desafio. Ou seja, proporcionar aos colaboradores formas de desenvolver essas competências exigidas.
Assim, é preciso envolvê-los nas decisões que afetam suas atividades no trabalho. Afinal, quanto mais os líderes forem centralizadores, menos oportunidades de desenvolvimento os colaboradores terão. E, por consequência, menos chances de resolver problemas complexos.
os líderes não podem mais usar a abordagem da recompensa para conduzir e motivar a sua equipe. Estudos mostram que não é mais eficiente, pois estreita o foco e mata a criatividade.
A ampla pesquisa de ambiente de trabalho conduzida pelo Great Place to Work no país, e que conta com mais de 2.500 empresas participantes, mostra que esse envolvimento nas decisões ainda é baixo, na visão dos próprios empregados. Além disso, os líderes não podem mais usar a abordagem da recompensa para conduzir e motivar a sua equipe. Estudos mostram que não é mais eficiente, pois estreita o foco e mata a criatividade, como no problema da vela.
O palestrante Daniel Pink também fala sobre autonomia, domínio e propósito como fatores essenciais para as equipes. Basicamente, explica que ao invés de uma recompensa, é preciso oferecer à equipe autonomia, para que ela direcione a sua rotina conforme o seu desejo, domínio, para que faça melhor realizando o que mais importa e, propósito, para que a equipe realize algo que seja realmente valioso. Em outras palavras, deve-se dispor de um ambiente de trabalho menos rígido e que faça a equipe se sentir parte da empresa.
É preciso oferecer à equipe autonomia, para que ela direcione a sua rotina conforme o seu desejo, domínio, para que faça melhor realizando o que mais importa e, propósito, para que a equipe realize algo que seja realmente valioso.
E você, já tem uma base de conhecimento e experiência para a resolução de problemas complexos? Quais outros elementos você julga importantes para o desenvolvimento dessa competência?